A importância de Circular

É fato que as redes sociais e todas as ferramentas disponíveis hoje ( Soundcloud, Bandcamp, o decadente Myspace, o ágil Facebook o mega ágil Twitter e tantas outras) são parceiros indispensáveis das bandas, produtores, artistas. Mas, circular é fundamental.

Ficar sentado horas por dia na frente do computador dando um gás em sua rede é básico, circular é imprescindível. É circulando pela comunidade, pela cidade, pelo estado, pelo país e pelo mundo que os grupos e produtores vão adquirir estrada, experiência, conhecimento, ampliar seu network pessoal e, principalmente, ampliar sua visão de mundo.

Ouvir e ver outros grupos, outras iniciativas, outros formatos, outras gerências, tudo isso pode ser uma grande ferramenta para desenvolvimento de suas carreiras ou de suas empresas.

E, se não conseguir tocar com seu grupo, com a banda que você produz, vá assitir, vá participar das palestras, vá ver os shows, leva o disquinho, leva o cartãozinho, tenta marcar uma reunião rápida – nunca passe dos 10 minutos com um promotor, e olhe lá.

Participar de eventos de músicas que não são feitos só de shows é melhor ainda. As convenções podem ser grandes aliadas, nelas, você pode encontrar os festivais mais interessantes, os melhores centros de música, andando na sua frente, comendo do seu lado ou dançando perto de você…os programadores e diretores realmente participam desses eventos em busca de nomes pros seus projetos…Vale a pena investir e ir. Eu, nunca me arrependi.

Vão aqui algumas dicas:

www.circulart.org

www.womex.com

sxsw.com

latinalternative.com

www.feiradamusica.com.br

www.mercadocultural.org

Praça, feitiço, árvore, Argentina ou Caia na estrada e perigas ver ou A aranha arranha a jarra

por Pérola Braz
Fina Produção

6 roteiros, 19 dias, 71 atrações, 88 cidades, 200 profissionais, 270 artistas. Os números dão uma idéia da dimensão do Circuito Sesc de Artes, iniciativa do Sesc SP em parceria com as prefeituras locais do interior, litoral e Grande São Paulo que moveu trabalhos artísticos para todos. A praça como ponto de encontro e de trocas simbólicas é o eixo de uma programação que intervém no espaço público a partir de diferentes linguagens. Música, teatro, circo, dança, artes visuais, literatura, artemídia, arte-educação e perfomances coexistiram em cada roteiro programado neste junho.

Eu, de Pernambuco, parti com Siba e a Fuloresta, um grupo esquisito, um bando de velhotes tocando e um cantor magro que nem palito, com um som, digamos, diferente. Parte do roteiro 1, itineramos por 16 cidades, suspendendo o cotidiano dos passantes, desavisados ou programados pelo projeto. Junto conosco, trabalhos especiais do Grupo Circo Branco (SP/PE), Quik Cia de Dança (MG), Circo Davinci (ARG), Caixa de Imagens (SP), Cia Patética (SP), além do Jogo do Acervo Sesc, o Symbiosis (PA), É Crédito ou Débito (BR) e a vídeo repórter Angélica Muniz (SP).  Diferentes expressões que se encontram, conversam e criam unidade, convivência que se torna uma das cortesias desta ação.

Apresentar o trabalho em praça pública, para a vida espontânea local, dia após dia, é uma oportunidade especial, onde a comunicação do artista se dá de forma completa, junto ao ambiente, sua história, cultura e população.  O Circuito SESC de Artes forma público pegando as pessoas pelo braço e brindando-as com programação e serviço de qualidade. Um presente para todos. Com produção e estrutura mais que decentes, a estrada nos fez carinho. Também comprovamos, o Brasil tem inverno. É geladinho.

Dentre os objetivos do circuito, como ponto de partida, está a consideração da experiência artística e a quebra da rotina no cotidiano das cidades, estabelecendo provocações e diálogos, propiciando novas possibilidades. Além desses aspectos, pretende deixar rastros, nesse cenário urbano, com a passagem do projeto. A arte é apresentada no projeto de forma singular, a fim de proporcionar a construção de uma verdadeira educação que passa também pelos sentidos.

Sentimos.

Vida longa ao Circuito SESC de Artes, às praças, ao feitiço, às árvores e também à Argentina.

*Para conhecer o projeto e os artistas participantes acesse: www.sescsp.org.br/circuito
*A produtora que vos fala segue por Recife e por todo lugar.  Ainda não fugiu com o circo.

O outro lado do carnaval

Passado o carnaval e a comoção do mesmo, tomo a liberdade de escrever este famigerado post.

Antes do carnaval, tomei conhecimento do enorme esforço que a Prefeitura do Recife estava fazendo para manter o nível do carnaval de 2011 o mesmo dos anos anteriores, porque o orçamento havia sido cortado em 1 milhão de Reais. Realmente, 1 milhão de reais é muita coisa, imagina que com esse valor eu poderia realizar duas edições do Porto Musical, sem precisar de outros financiadores. Mas, o mais intessante é que 1 milhão de Reais  se perde no meio dos 30 milhões que foi o orçamento global do carnaval do Recife. Somando-se aos outros 18 milhões que foi o valor oficial divulgado do carnaval de Pernambuco, temos um total de quase 50 milhões de reais investidos na festa.

Claro que o retorno institucional, eleitoral, midiático e turístico é fantástico. Eu que, como louca, realizei o Porto Musical 14 dias antes do carnaval, já tive dificuldades imensas para hospedar todo mundo. O turismo não tem do que reclamar. Mas, e a cultura?

Como viram, não citei, em termos de retorno, a questão da cultura, porque venho aqui falar um pouco sobre o outro lado do carnaval.

O que me traz a este post, é o seguinte: se a prefeitura tivesse fôlego suficiente para realizar um carnaval desse tamanho e ainda mantivesse o mesmo fôlego durante o resto do ano, dando `a Secretaria de Cultura a oportunidade de realizar ações de sustentabilidade da cultura, de suporte para inserção internacional da música daqui, de suporte para circulação nacional, de poder contribuir com um patrocínio decente para eventos também importantes da cidade, realizados pela iniciativa privada, pela sociedade civil, seria ótimo, perfeito. Mas, não é isso que acontece. Para realizar a festinha de 4 dias, a Prefeitura investe um valor colossal e no resto do ano a Secretaria de Cultura fica sem orçamento digno, para nada. Pelo menos, as respostas negativas `a essas solicitações vem sempre acompanhadas dessa justificativa: “o carnaval levou tudo”.

O próprio Porto Musical passou por isso. Por conta da diminuição do orçamento de 31 milhões para 30 milhões ;), a prefeitura não pôde contribuir com um patrocínio em dinheiro para ajudar o Porto Musical. O Porto trouxe para Recife profissionais importantíssimos da música do mundo, programadores de casas, instituições e teatros importantes, gente de mais de 10 diferentes países vieram e estão voltando para suas casas, depois de conhecer um pouco do nosso carnaval, da nossa cultura, essa é a maior contrapartida que o Porto Musical pode dar para nossa cidade , para nosso estado. É uma ação miltiplicadora, de longo prazo, que, pelos próximos anos, terá resultados, está longe de ser  puro entretenimento.

É claro que a Prefeitura continuou apoiando o Porto Musical, a estrutura de palco, som e luz da Praça do Arsenal da Marinha, que seria usada durante o carnaval foi montada toda antes para o Porto realizar seus shows. Isso é dinheiro, a ajuda veio assim. Mas, este ano, devido as mudanças no governo federal e na gestão da cultura estadual, tivemos um ano difícil e solicitamos, pela primeira vez, em cinco edições, alguma evolução na parceira entre o Porto Musical e a PCR, pois estávamos realmente precisando. Mas, ela não pôde ser atendida, apenas um pequeníníssimo valor de última hora foi conseguido. E pensar que o valor solicitado devia ser algo como UM cachê, de UM show, de UM artista que fez o carnaval em UM dos polos.

Mas, voltando ao assunto principal…Fico pensando se as coisas não deveriam ser mais equilibradas. Fazer o carnaval é importante, mas, será que não se deveria diminuir a quantidade de shows? Será que não seria melhor diminuir a quantidade de polos? E o dinheiro que se gastaria com isso se colocaria na Secretaria de Cultura, para ela fomentar projetos importantes ao longo do ano.

Mas, aí, quando falo em diminuir  a quantidade de show para se preservar algum dinheiro pro resto do ano, vocês podem perguntar: mas, como a PCR vai atender todas as solicitações dos grupos, bandas, artistas que desejam tocar no carnaval? É verdade, seria um problema, mas, também acho que enxugar alguns shows para 1 ou 2 de um mesmo artista já é uma forma de se prestigiar todos, seria uma saída. Quando a PCR  veio fechar o show do meu artista, apenas um show, disseram-me  que todas as bandas só iriam fazer apenas um show no carnaval desse ano, achei justo e achei ótimo, significava que mais grupos diferentes se apresentaraim e teriam suas  chances. Mas, não foi bem isso que estava na programação final, alguns vários artistas, fizeram 2, 3, 4 shows. A justificativa varia, ela se aplica em algumas situações, em outras, não.

Mas, voltando pro cerne desse post, tentando concluir pelo menos um dos pensamentos que me assombraram durante este carnaval 2011… Como produtora que sou daqui de Recife, que passo o ano trabalhando em projetos que tentam dar visibilidade a nossa música, a nossa cidade, a nossa cultura, acho um erro estratégico – entre outros tantos que presenciamos neste caranaval, mas, aí são outros posts – gastar tanto dinheiro numa festa só, sem enxergar que tudo na vida é planejamento, continuidade, fomento e sustentação e que existem ações multiplicadoras e fundamentais que vão muito além do entretenimento puro e simples. Essas ações e projetos, infelizmente, ainda precisam e muito de políticas públicas, de fomento e são iniciativas que esperam uma atitude responsável e inteligente sobre como se administra um orçamento, `as vezes já tão escasso.

Prólogo: ficarei esperando ansiosa por comentários e respostas que me digam que estou enganada com isso tudo e que o orçamento para a Cultura da Prefeitura está garantido, independente do “carnaval ter levado tudo” , não faço nenhuma questão de estar equivocada!

WOMEX 2010- observações sobre o mercado

A WOMEX deste ano foi a minha 7a WOMEX, há 7 anos me desloco uma vez por ano atrás dela, quer aconteça em Sevilha, em Essen, Newcastle ou em Copenhagen…

Eu e mais 2.000 profissionais de música do mundo todo fazendo o mesmo. Fico pensando no poder disso, no poder da WOMEX. A convenção faz cada um de nós sair de suas cidades, pagando tudo, e caro, para se reunir em 4 dias de convenção que se não ajudar o ano seguinte a se desenrolar melhor pra cada um, vai, no mínimo, abrir a mente de todos, acrescentar conteúdo e shows incríveis de grupos de toda parte do mundo que, se não fosse ela, dificilmente teríamos a chance de conhecer.

É, sem dúvida, uma celebração da música mundial. A música e o mercado que estamos inseridos, claro. Nada de mainstream, nada de mega-produções, nada de bandas comercias. Apenas grupos, produtores e agentes que trabalham num mercado diverso, autêntico e que se diz independente.

A WOMEX 2010 me sinalizou algumas coisas:

Como os europeus estão tristes, deprimidos e sem dinheiro. Como os mercados de países emergentes como Brasil, Índia, China, Coréia, estão cada vez mais presentes nessas convenções, com shows, estandes, mercado latente, punjante. O meu agente e sócio português ao me ver a primeira coisa que falou foi “O futuro é vosso” . Esses paises são vistos hoje como a esperança de novos mercados, novos negócios e intercâmbio. Não fico totalmente feliz com isso e vou explicar porquê.

A Europa é um mercado lindo, aberto, curioso, importantíssimo para o desenvolvimento internacional das carreiras dos grupos brasileiros. Consegue absorver muito bem o mainstream nacional, bem como artistas completamente desconhecidos. Sempre vai ter um palco, uma casa, um teatro para esses artistas. A Europa sem dinheiro significa que a música menos acessível, ficará de lado. Com cachês baixos, as bandas estrangeiras terão dificuldades de circular, os cachês europeus sempre foram bons e fundamentais para a sustentabilidade das turnês. Há muito o que se preocupar com essa situação, principalmente as bandas que estão começando agora a querer sair.

O lado que poderia nos deixar feliz, de ouvir que o futuro é do Brasil, depende do que se pretende. Se os europeus ao dizerem isso trazem alguma expectativa de descobrir o mercado brasileiro, de inserir seus artistas aqui, aí a coisa complica. Diferentemente da Europa, o Brasil é bem fechado para a música estrangeira, com exceção dos hits comerciais crônicos americanos, claro, e alguns ingleses de primeira linha. O Brasil, em sua maioria, não está interessado em conhecer a nova música portuguesa, alemã, espanhola, italiana e por aí vai. É triste, mas é fato, com pequenas exceções. Se os produtores europeus quiserem entrar no mercado brasileiro terão que buscar  apoios nos bureax de exportação de seus paises, que são exemplos de atuação no mundo todo, mas, sem dinheiro, como eles vão atuar agora?

Outro fato WOMEXicano, conseqüência natural do achatamento do mercado da música no mundo, foi a desproporção entre compradores e vendedores presentes na Feira. Há 3 anos, essa proporção era de 50% para 50%, hoje, a quantidade de comprador não passa de 30%. Para alguns segmentos é menor que 10%, como é o caso de parceiros para distribuição, edição e licenciamento de disco. Virou uma raridade encontrá-los e quando encontramos, as respostas não são animadoras.

A equação, nesse momento, não se fecha: temos agentes que podem e querem vender shows, mas, eles ainda querem que o grupo tenha distribuição lá fora, mas, os grupos não acham quem lancem seus discos lá. Aí permanece a dúvida: Se o mercado da venda de discos caiu radicalmente, se as gravadoras, quando fecham algum contrato, não dão mais nenhum tipo de suporte para turnês, porque ainda é tão importante ter os discos lançados fora?  Alguns diriam que seria pela mínima promoção que um selo pode fazer para divulgar um artista, o que ajuda na venda dos shows. Outros diriam que é pela sensação de ocupação, dando mais segurança aos próprios agentes e contratantes.

Enquanto isso, o manager corre pra lá e corre pra cá e tenta manter o network vivo, apesar das crises, e procura os agentes mais sensíveis e os contratantes com mais visão, sempre deixando claro pra banda o tamanho da perna dela e as possibilidades reais. Pelo menos é assim que tenho feito. Pois como o vento, acredito que isso é assim hoje, amanhã a coisa muda.

Voo 6312 Recife – Petrolina

Há dias venho sofrendo uma cobrança (positiva) de deixar algumas linhas no blog da Fina. Aproveito o gancho (ou seria a falta de tempo?) de Melina, que otimiza os vôos de sua vida (e que são muitos!) para rabiscar ideias. No meu caso, o trajeto é curto. Mas aqui, a num sei quantos metros de altura do chão, intuo que as conversas que rendem postagens  são muitas. Por isso decidi, agora, com a ajuda da pressurização, que tenho realmente que visitar este espaço com mais freqüência.

Sim, não ando, ou melhor, não vôo tanto. Mas trabalho pacas, em terra firme. E percebo que colaborar com este blog significa deixar marcados os passos da nossa história. É só ver o último post da minha ‘vizinha’ de baixo (Melina!). Creio que aqui vão surgir registros importantes sobre a produção e articulações da cadeia da música em PE.

Neste momento, nestas poltronas ‘confortáveis’ da Avianca, como pão com carne moída e suco de laranja com gosto de Redoxon. Mas o que interessa mesmo é que quero chegar logo e tomar banho nas águas doces de Petrolina (momento delírio).

Desculpem desconsolar, mas assessora de comunicação, ao contrário dos que muitos pensam, não tem tempo de molhar nem o dedinho do pé no São Francisco. Desembarco em 40 minutos com o grupo Bongar. Almoçamos e corremos para fazer entrevista em duas rádios. Depois me tranco no quarto de hotel para responder emails e preparar o material de divulgação da estada do Bongar em Petrolina. Amanhã acumulo tarefas com a Orquestra Contemporânea de Olinda.

Os dois grupos, com quem trabalho há mais de um ano, fazem show nesta quinta à beira-rio. Acompanho as bandas com quem trabalho sempre que posso e não tenho dúvidas do efeito e reverberação de notícias que a minha presença, in loco, causa em cada viagem dessas.
Vou embora, que tô ficando enjoada. Logo, vou escrever mais por estas páginas vituais. Mesmo antes dos voos Recife-São Paulo, Recife-Paris ou Recife-Washington que pretendo pegar em breve (ouviram, produtores? rsrsrsrs).

ps: só consegui postar o texto hj. O show é hj e não tomei banho de rio.

VOO 6133 RECIFE – SALVADOR

Estou Indo passar mais uns dias fora de casa.

A parada será em Salvador para a primeira reunião de coordenação da Feira Música Brasil 2010. A FMB teve sua primeira edição em 2007, juntamente com o Porto Musical. Em 2006 havia acontecido a segunda edição do Porto. Naquela época, o Ministério da Cultura, liderado por Gilberto Gil esteve pela primeira vez no Porto Musical para anunciar o projeto da Copa das Culturas. Era ano de Copa do Mundo e o Brasil pretendia fazer uma grande copa e uma grande ação cultural levando diversos artistas para a Alemanha, juntariam um grande futebol com grandes shows musicais. No fim, o Brasil não mostrou um futebol tão bom e o projeto da música…bem, essa é outra história.

Nesta ida do MINC ao Porto Musical eles puderam conhecer a idéia do Porto, a estrutura da cidade, a sacada de fazer o evento pouco antes do carnaval, quando Recife já respira a época mais interessante do ano.  Profissionais brasileiros e estrangeiros encontrando-se nas ruas, vendo conferências, trocando discos, idéias e possibilidades.

Pouco depois, o MINC resolvia realizar a sua primeira grande feira nacional de música. Depois de alguns contatos, soubemos que esta feira se realizaria em Recife, na mesma época do Porto no ano seguinte. Deveríamos fazer juntos? Separados? Não havia alternativa, ela iria acontecer e nós ou estaríamos dentro ou estaríamos dentro. Como fazer a terceira edição do Porto na mesma época, fora disso tudo?

Participamos do projeto executivo, acrescentamos expertise, idéias, mas, a relação foi complexa. Quem veio não entendeu muito bem, achou a coisa meio esquizofrênica. Era um evento? Dois em um? Ninguém entendeu bem e nós menos ainda, saímos dessa experiência enfraquecidos, cansados, chateados. A primeira FMB poderia ter acabado com o Porto Musical. Mas, conseguimos aos poucos nos refazer, apesar de não ter conseguido realizar a edição seguinte em 2008, voltando apenas em 2009.

Foi de 2008 pra 2009 que o MINC sofreu mudanças internas interessantes. Pessoas ligadas ao mercado e com um olhar mais atento ao mundo independente brasileiro assumiram cargos de destaque, autonomia e decisão.  Fizeram um grande balanço da primeira FMB, perceberam os tropeços e erros, entre eles, um crucial – o Governo não deve enfraquecer as iniciativas da sociedade civil, deve sim, percebê-las, fomentá-las, acrescentar-lhes notoriedade, respeito e investimento. O MINC realizou a segunda FMB em dezembro de 2009 também em Recife, ainda tentando superar as heranças da primeira.

Mais organizada, interagindo mais com o mercado e mais próxima das demandas desse mercado, a segunda FMB foi importante para a consolidação da Rede Música Brasil, uma rede formada hoje por 13 entidades organizadas da música no Brasil, mas, ainda enfrentou críticas, sofreu com questões internas e ações com resultados fracos, apesar de ter tido sucesso na convocatória nacional com uma presença simbólica do mercado musical do Pais.

A terceira FMB acontecerá de 8 a 12 de dezembro em Belo Horizonte e desta vez já conectada com a Rede Música Brasil, parece estar encontrando seu caminho e sua vocação. Nesta terceira edição da FMB, o MINC/Funarte percebeu a importância e a contribuição preciosa que os outros eventos de negócios da música que já existem no Brasil podem dar para a realização da FMB.

Por fim, esses 5 eventos se reuniram: Feira da Música do Ceará, Mercado Cultural da Bahia, Brazil Central Music, Feira da Música do Sul e o Porto Musical. Animados com esse grupo, estamos contribuindo para que a FMB  encontre o sentido de sua existência, como ela pode complementar as iniciativas que já existem, vindo não para dividir e enfraquecer, mas, para somar, acrescentar, estimular e se divertir com a gente.