As indústrias criativas e uma nova oportunidade de mercado

Há alguns anos temos vivido um processo sem volta. O processo que chamo de Processo C: compartilhamento, cooperação, contribuição.  Neste processo temos trabalhado mais perto uns dos outros, as parcerias são desenvolvidas nos formatos mais diferentes, a cooperação profissional se dá em vários níveis, independente das distâncias. Mas isso ainda é feito de um jeito um tanto quanto informal, não remunerada e não reconhecida.

Paralelamente a isso, vivemos num tempo onde certos setores da economia antes ignorados estão em alta e contribuindo definitivamente para o PIB das cidades, dos estados. São os setores chamados hoje da “Indústria Criativa”, música, cinema, games, moda, gastronomia, animação, literatura, por aí vai…

Eu sou um funcionário dessa indústria e a possibilidade de você que lê esse post também ser, é grande.

As convenções são engracadas. Nossa idéia de “indústria” sempre foi daquele lugar onde tudo o que é fabricado ali tem algumas características básicas: produção em série, em larga escala e o resultado alcança sua perfeição quando todos os produtos saem idênticos uns aos outros. A criatividade passou longe de ser uma característica disso. Aí, chamar de Indústrias  Criativas esses segmentos é, por si só, a ruptura de um significado, a ironia das convenções e traz em si um paradigma digno dos novos tempos, onde tudo o que é diferente pode estar definitivamente junto e misturado.

Investir na criação de polos de indústrias criativas pode ser um novo e rico recorte da economia tradicional. Registrar os números desses setores é muito importante para conseguirmos mais atenção de outros como planejamento, saúde, previdência social. Somos vistos por estes apenas como informais, seremos sempre “terceiro setor”?

Pernambuco é um estado pioneiro nesse tema. Não faltam visionários que há anos trabalham nesse ambiente. Silvio Meira, do seu c.e.s.a.r, Geber Ramalho, da academia, Claudio Marinho, de seu Porto Marinho, Chico Saboya, do Porto digital e outros, que, graças a Deus, tem ferramentas e algum subsídio para colocar em prática alguns projetos nessa área.

No Porto Musical, Geber Ramalho vai fazer a primeira apresentação oficial do projeto DELTAZERO, Base Recife de Indústrias Criativas. Um pool de pessoas, idéias e empresas que ao se aglomerarem em torno de um mesmo ambiente podem iniciar um processo de cooperação e parceria profundo, extremamente pró-ativo e que visualiza em primeiro lugar o mercado consumidor. E não é só o mercado brasileiro não, é o estrangeiro, especialmente. O DELTAZERO quer colocar um monte de gente para trabalhar junto, cada um na sua área, para finalização de produtos e servicos extremamente atraentes para certas demandas de mercado.

É legal demais pensar nos cineastas pernambucanos chamando os músicos daqui para fazer suas trilhas, e os profissionais de animação para criar as aberturas de seus filmes e que a galera dos games, em vez de comprar as trilhas brancas, encomendem peças para os músicos. Sensacional. Um novo modelo de atividade, um futuro atraente para os criativos das mais diversas áreas, uma possibilidade real de otimização de espaço, de idéias e a prova final que esses segmentos são auto-sustentáveis e que podem em breve alcançar uma posição de destaque na economia mundial.

Prólogo: Durante o Porto Musical será lançada a FNEC- federação Nacional de Economia da Cultura, com o olhar imediato para asindùstrias Criativas. Vamos nessa?