Tanta produção, pouca difusão…

Pernambuco é bastante reconhecido por sua cultura tão diversificada. E, mais ainda no que diz respeito a música, temos uma diversidade incrível de ritmos! Grupos ou artistas como Dj Dolores, Siba, Nação Zumbi, Spok Frevo Orquestra, Orquestra Contemporânea de Olinda, Eddie, Otto, Mundo livre S/A, Renata Rosa, Silvério Pessoa já são reconhecidos em todo Brasil e no exterior. No entanto, a grande maioria do público aqui no estado continua ignorando a existência dessa produção. Por que isso acontece? As bandas deixaram de circular ou de fazer seu trabalho? A resposta a estas perguntas é não! A grande questão é que o público não pode consumir aquilo que não conhece. E, eles não conhecem estas bandas porque elas não tocam nas rádios e nem estão nas TVs.

A difusão é, sem dúvida, o maior imbróglio da nossa produção musical. As rádios pernambucanas ou tocam todos os enlatados estrangeiros ou aqueles que podem pagar para tocar- e que, é claro, tem grandes chances de virar um sucesso de público!

Uma vez, uma pessoa da Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) comentou comigo que os técnicos do Tribunal de Contas de Pernambuco sempre questionavam os cachês de artistas como os que foram citados acima.  Ele explicou que eram, quase sempre,  questionadas as planilhas de pagamentos de cachês nas somas de 10, 15, 20 mil para “aqueles nomes que nunca tinham ouvido falar”! Porém, não havia nenhum tipo de comentário com as planilhas de 150, 200 mil de cachês para os famosos ou, pelo menos, já conhecidos por tocar nas rádios e em novelas.  Os técnicos do Tribunal de Contas, assim como o grande público,  não conhecem essa “fina produção”, porque é uma música pouco ou quase nada tocada pelas rádios e TV´s abertas.  Então, como uma boa parte das pessoas não têm muito interesse em conhecer o novo e/ou “desbravar” a diversidade cultural daqui do estado, elas também não vão poder, nem ao menos, saber quem são esses grupos.

A chamada consagração para uma boa parte do grande público, acaba não acontecendo para alguns grupos e artistas talentosíssimos- que, em sua maioria, já possuem mais de 5, 10 anos de carreira,  outros com mais de 6 turnês internacionais, alguns já tocaram para presidentes de repúblicas, uma boa parte já ganhou os maiores prêmios de música do Brasil, outros já foram indicados para o maiores prêmios mundiais, como o Grammy. Enfim, todos são respeitadíssimos pela crítica especializada do Brasil e de fora, mas o grande  público não conhece e nem tem acesso por pura falta de difusão ou por uma, não tão pura assim, ausência absoluta de interesse por cultura.

E não me venha dizer que esses grupos ou artistas fazem uma música pouco acessível, pois existe música para todos os gostos, faixas etárias… para os sentimentais e intelectuais! De Brigitti, música da Orquestra Contemporânea de Olinda; a Canoa Furada, de Siba; Crua, de Otto; os frevos da Spok Frevo; os sambinhas do Mundo Livre…  Numa boa, pra todos os gostos tem uma música pronta pra ser descoberta, apreciada, cantada, dançada e, por fim,  reconhecida!

Epílogo:

A esperança fica nas mãos de iniciativas de valor e importância ímpar como:

Roger de Renor e toda sua trajetória, muitas vezes, como uma voz solitária, divulgando essas bandas e artistas em seus programas,  como a Sopa,  na Rádio Oi ou o programa Na Rural. Agora, ocupando uma pasta importante, trabalha árduamente para colocar a TV Pernambuco funcionando, entre outros meios de comunicação ligados ao Governo de Pernambuco.

A ARPUB -Associação das Rádios Públicas – vem fazendo um trabalho muito bacana de conscientização das rádios públicas na valorização de todo tipo de música produzida no Brasil.